Entendendo a falsa redução do número de plaquetas: pseudotrombocitopenia

Por vezes as pessoas se assustam quando o hemograma indica um baixo número de plaquetas.

Às vezes essa redução é real, devida a remédios em uso, ou mesmo a alguma doença que pode se acompanhar de trombocitopenia (ou plaquetopenia, o que é a mesma coisa: número de plaquetas diminuído).

Há doenças, sim, que podem cursar com baixo número de plaquetas. Hepatites (especialmente a hepatite C), são causas comuns, mas outras viroses com a dengue e a infecção pelo HIV também são frequentes. A púrpura trombocitopênica imune, PTI, é outra delas, muitas vezes associadas a viroses recentes ou a distúrbios do sistema imunológico, como o lupus eritematoso. Leucemias e outros cânceres também podem cursar com redução das plaquetas.

Mas há a falsa trombocitopenia, fenômeno que não é raro e que pode causar pânico em pacientes e em profissionais da saúde enquanto não é esclarecida: o exame indica baixo número de plaquetas, mas ela não é real. A observação atenta do sangue ao microscópio mostra as plaquetas em quantidade normal, porém aderidas umas às outras, fenômeno chamado aglutinação (veja a figura acima, uma fotografia feita durante o exame visual). Esse fenômeno é perceptível nessas condições – visualização do sangue com equipamento de ampliação – mas nem sempre é detectado pelos aparelhos que fazem a contagem eletrônica das plaquetas, pois elas podem “enganar” o equipamento por estarem unidas.

Como esclarecer a falsa plaquetopenia

A observação atenta do sangue com o auxílio do microscópio é a mais prática forma de constatar que o baixo número de plaquetas obtido por contagem eletrônica não é verdadeiro, mas isso pode ser demonstrado por outros meios, também.

A contagem eletrônica das plaquetas realizada logo que o sangue é retirado da veia, com repetição do teste na mesma amostra de sangue após decorridos alguns minutos, mostra que com o tempo o número delas se reduz: isso é indicativo de que elas se aglutinam.

Outra forma é coletar o sangue com diferentes conservantes: em geral essa aglutinação de plaquetas se dá com o EDTA, substância que impede a coagulação do sangue de modo a permitir que ele continue líquido até o momento do exame, sem coagular; utilizando-se outros anticoagulantes, pode-se constatar que o número de plaquetas não é tão baixo como indicam as amostras de sangue conservadas com o EDTA

Ah, você deve estar com curiosidade sobre essa sigla: EDTA significa ácido etileno-diamino-tetra-acético, que sob a forma de sal potássico é o melhor conservante do sangue para realização do hemograma (outros, como o citrato de sódio e a heparina, causam interferências em alguns parâmetros do exame).

Há o EDTA magnésico, que evita a falsa plaquetopenia porém ele não é utilizado rotineiramente nos laboratórios clínicos.

E isso é perigoso?

Não. A falsa plaquetopenia, como o nome indica, é “falsa”: não é verdadeira. Trata-se apenas de uma interferência técnica causada por certas substâncias presentes no sangue que se dá em presença do EDTA. Isso não tem implicações sobre a saúde da pessoa, não é doença, não tem tratamento, e não causa risco algum: apenas impede de se saber o número exato de plaquetas que o exame deveria indicar. É algo que ocorre in vitro (ou seja, nos exames com o sangue já fora do corpo), não acontecendo dentro das veias e demais vasos sanguíneos do corpo humano.

Esse fenômeno pode ocorrer em certo momento da vida, e depois não mais surgir. Não se preocupe com ele.

 

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Clínica Centromed - Vila Velha
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