Várias hemácias (glóbulos vermelhos) e dois leucócitos (glóbulos brancos)

Hemograma: o que é avaliado nesse exame rotineiro?

Texto publicado inicialmente no blog do Laboratório PAT

Os exames laboratoriais são recursos de fundamental importância no auxílio aos cuidados com a nossa saúde. O hemograma – não precisa dizer “hemograma completo”, pois o atual hemograma é muito superior ao que foi rotulado de “completo” no passado – figura como um deles e, ainda, pode ajudar na investigação de diversas condições, como desnutrição, hemorragias, febres e inflamações, sendo capaz até mesmo de detectar doenças ainda ocultas.

Além de ajudar a chegar ao diagnóstico, ele é utilizado para monitorar o tratamento de várias enfermidades. Outro aspecto importante é que ele também é útil para caracterizar o estado de saúde, o que contribui para a prevenção de doenças: ele faz parte da quase totalidade dos programas de saúde dos trabalhadores, feito na admissão, periodicamente durante a passagem pela empresa, e também por ocasião do desligamento.

Por tudo isso convidamos você a ler nosso artigo para entender melhor sobre o exame, um dos mais realizados no mundo. Afinal, o que realmente é analisado nele? E por que o hemograma é tão importante na assistência em saúde?

Entenda o que é o hemograma

O nosso sangue pode ser dividido em parte líquida e parte celular. A primeira delas é composta pelo plasma, líquido onde as células, que fazem parte da segunda, se encontram dispersas.

O hemograma foca, principalmente, nessa segunda parte, e avalia, por exemplo, o número e as características das células sanguíneas. Elas transmitem uma série de informações capazes de direcionar o raciocínio clínico para diversas abordagens e hipóteses.

Sendo assim, os objetos de análise do exame são os glóbulos vermelhos (hemácias, também chamadas eritrócitos), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas. Vamos ver, mais adiante, as especificidades de cada tipo, mas já adiantamos que englobam desde a oxigenação até defesa do organismo contra agentes estranhos e proteção contra hemorragias.

Veja qual é a importância de um hemograma

Podemos dizer que a grande importância do hemograma é ser o pontapé inicial para o diagnóstico de diversas doenças. Além disso, há uma grande facilidade na realização dele, sendo um exame rápido, prático e barato. A coleta do sangue é muito simples.

Por mais que haja exames mais complexos e até recomendados para definir alguns diagnósticos, muitas vezes basta o hemograma para direcionar o raciocínio médico para determinadas possibilidades e métodos de tratamento. Por isso é tão solicitado na medicina, independentemente da faixa etária. Também pelos nutricionistas o hemograma é largamente utilizado.

E não é só no diagnóstico que ele atua! Outro aspecto fundamental é seu uso para acompanhamento de algumas condições, como tratamentos médicos, reposição nutricional, etc.

E se você acha que está relacionado apenas ao sangue, é aí que você se engana!

Uma simples anemia, por exemplo, pode se relacionar a problemas intestinais ou mesmo renais. Em suma, o hemograma é importante por possibilitar uma ampla avaliação em saúde, de maneira prática e barata.

Saiba o que pode ser avaliado no exame

O hemograma é um dos exames mais solicitados pelos profissionais. Ele pode ser o ponto de partida para diagnosticar diversas doenças, até mesmo antes que elas apresentem sintomas. A seguir, vamos destacar seus principais componentes. Confira!

1. Eritrograma (série vermelha)

As hemácias, também chamadas de glóbulos vermelhos, são as mais numerosas células do sangue. Elas podem ser caracterizadas pela forma, tamanho e quantidade de hemoglobina, entre outros aspectos.

A principal função das hemácias é garantir o transporte do oxigênio recebido pelo sistema respiratório até as células do nosso corpo. E tem mais: elas também atuam na eliminação do gás carbônico produzido pelo organismo. Viu só como são indispensáveis nas trocas gasosas?

1.1. Hemoglobina

A hemoglobina é a grande responsável pelo aspecto vermelho do sangue. Além de conferir a cor característica, é a proteína que faz o transporte de gases, como dito acima, pois o oxigênio e o gás carbônico se ligam a ela. Portanto, é um componente do organismo fundamental para ocorrer a hematose (trocas gasosas).

A diminuição da hemoglobina caracteriza a anemia. Essa condição, a anemia, pode se dever à destruição das células ou à falta de sua produção. Os dados básicos da série vermelha são:

  • contagem de hemácias;
  • concentração de hemoglobina;
  • concentração de hemácias no plasma (hematócrito).

1.2. Índices hematimétricos

Além dos parâmetros acima, outros aspectos são avaliados no hemograma, como:

  • volume globular médio – dimensão das hemácias;
  • hemoglobina globular média – quantidade média de hemoglobina por hemácia;
  • concentração da hemoglobina globular média – percentual de hemoglobina na constituição das hemácias;
  • RDW – índice de anisocitose, ou seja, de variação de tamanho das hemácias (há dois tipos: o RDW-CV e o RDW-SD).

A partir da análise do eritrograma é possível verificar diversas anormalidades que acometem as células vermelhas do sangue. Já vimos, por exemplo, sobre a identificação da anemia. Mas não é só isso: pode sugerir qual o tipo dessa condição.

Nas anemias megaloblásticas, em que há uma deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, o RDW-SD tende a se apresentar elevado, enquanto na anemia por deficiência de ferro é o RDW-CV que aumenta. A diminuição do volume globular médio ocorre na anemia por deficiência de ferro, enquanto a elevação desse parâmetro é típico das anemias por deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico.

Mas o eritrograma não se limita às anemias! Ele também contribui para a detecção das polilglobulias, caracterizadas por um aumento no número das hemácias, na concentração de hemoglobina e do hematócrito (o mais conhecido tipo é a policitemia vera, mas as poliglobulias podem ocorrer também em fumantes e portadores de problemas pulmonares, principalmente).

A avaliação dos vários indicadores da série vermelha, juntamente com os sintomas e outras informações clínicas, permite caracterizar melhor outros aspectos ao direcionar o raciocínio. Assim, anemias por doenças renais, por doenças endócrinas (como o hipotireoidismo), por infecções, por desnutrição e por iatrogenia (efeitos indesejáveis dos tratamentos) podem ser detectadas pelo hemograma.

2. Leucograma

Também chamados de glóbulos brancos, os leucócitos são as principais células do nosso sistema imunológico. Eles são responsáveis pela proteção do corpo contra infecções causadas por bactérias, vírus e outros microrganismos.

Há cinco tipos de leucócitos que se encontram habitualmente no sangue, sendo que cada um atua contra determinado acometimento. Veja abaixo!

  1. Neutrófilos: especialmente ativos no combate às bactérias e a alguns outros microrganismos.
  2. Eosinófilos: o número se eleva diante de alergias e parasitoses, inclusive intestinais.
  3. Basófilos: geralmente escassos ou ausentes, com número elevado diante de certas alergias ou inflamações prolongadas.
  4. Monócitos: muito atuantes na imunidade, participante dos mecanismos de defesa.
  5. Linfócitos: também de fundamental importância na defesa imunológica.

Diante de uma leucopenia acentuada, ou seja, de uma diminuição na quantidade de glóbulos brancos, a pessoa pode se tornar mais vulnerável às infecções. Leucopenias podem se dever a doenças, como toxicidade por produtos químicos, remédios e radiações, e moléstias como certas infecções e parasitoses, além de outras situações. Porém, é preciso passar por avaliação médica, a fim de detectar se é uma leucopenia “normal” (como ocorre em descendentes de certas populações asiáticas ou africanas, e também no jejum prolongado) ou não.

Em sentido oposto, o aumento na produção dessas células é chamado leucocitose. Ela pode ser causada por leucemias, infecções ativas e outras condições, inclusive o uso de certos medicamentos, como os corticosteroides. O exercício físico também pode causar leucocitose, o que é uma reação normal.

3. Plaquetograma

As plaquetas são fragmentos de grandes células da medula óssea, chamadas megacariocitos, e têm a função de ajudar na cessação dos sangramentos (e na sua prevenção). Portanto, o principal objetivo é evitar hemorragias, de modo que formam um “tampão” em lesões de pequenos vasos, para evitar a perda de sangue.

Com isso, elas ativam uma série de reações metabólicas que vão culminar na formação de fibrina. Essa proteína, por sua vez, finaliza a missão de consolidar o estancamento da saída do sangue após um corte. Sendo assim, devemos tomar cuidado com dois quadros: a redução e o excesso de plaquetas.

No primeiro deles, caso haja diminuição no número de plaquetas, estamos diante de uma trombocitopenia. Isso pode ocorrer na dengue, hepatite Bhepatite Caids, e algumas outras viroses; nas púrpuras trombocitopênicas, e até pelo uso de certas vacinas ou remédios. A trombocitopenia acentuada leva ao risco de sangramentos.

Em sentido oposto, uma elevação no número de plaquetas, chamada trombocitose, pode aumentar o risco de formação de trombos e êmbolos.

Descubra quais doenças ele pode detectar

O hemograma é um exame de rotina básico, que serve como triagem para as doenças que afetam o sangue e o organismo como um todo.

Embora seja básico, ele dá importantes informações sobre os três tipos principais de células, indicando se a produção está baixa, alta ou com outras anormalidades. Entenda, a seguir, algumas das doenças que o exame pode identificar!

1. Cânceres

As leucemias são um grupo de doenças relacionadas à produção descontrolada de glóbulos brancos pela medula óssea. Essa medula, conhecido como tutano, é o local em que são fabricadas quase todas as células sanguíneas – incluindo os leucócitos.

O exame inicial que evidencia uma leucemia é de fato, na maior parte dos casos, o hemograma. Ele vai apontar muitas vezes um aumento no número de leucócitos, mas pode haver também, em algumas situações, diminuição do número dessas células.

Já a confirmação ou a exclusão da suspeita será realizado por meio do mielograma, ou seja, o exame da medula óssea. Porém, além de ajudar no diagnóstico de leucemia, o hemograma participa da detecção de vários outros tipos de câncer em sua fase inicial.

No câncer colorretal, por exemplo, não é incomum encontrar evidências de anemia ao hemograma, mesmo que a pessoa não apresente sintomas intestinais. Isso porque pode haver a perda significativa de sangue – em geral oculto – nas fezes, o que muitas vezes causa anemia e redução da ferritina no sangue. Daí a importância de se pesquisar rotineiramente sangue nas fezes por métodos laboratoriais adequados, em adultos.

Vale registrar que o diagnóstico precoce dessas doenças é importante para proporcionar melhores resultados no tratamento e a possível cura da enfermidade.

2. Alergias

alergia, chamada também de hipersensibilidade, é uma resposta exagerada do sistema imunológico às possíveis ameaças e aos invasores.

Em geral é de origem genética, e os seus sintomas só aparecem em exposição do paciente aos alérgenos (poeira, alimentos, medicamentos, entre outros). Os eosinófilos são células de defesa do sangue, que têm relação com alguns tipos de alergia.

Durante as reações alérgicas, ou em casos de infestações parasitárias ou infecções por fungos, o número de eosinófilos se eleva no sangue; daí a sua relação com casos de hipersensibilidade.

Além do hemograma, outros exames podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico das alergias. Entre eles, destacamos o IgE total e o IgE específico, em que é possível evidenciar se o paciente é alérgico e caracterizar o que causa a reação em cada indivíduo.

3. Inflamações

O processo inflamatório é uma reação do sistema de defesa a inúmeras situações que acometem o organismo. Ele pode ocorrer quando o nosso corpo passa por algum trauma ou por uma infecção.

Um dos sinais de inflamações no hemograma é a alteração no leucograma. Em algumas situações, o número de glóbulos brancos pode subir (indicando uma maior produção pela medula óssea) ou cair (indicando a saída de células do sangue para os tecidos e órgãos, para combater o agente causador).

Além disso, o hemograma também é capaz de exibir células precursoras de glóbulos brancos, principalmente metamielócitos e mielócitos. O aumento das formas jovens dos neutrófilos (bastões, metamielócitos, mielócitos) é conhecido como desvio à esquerda.

A presença dessas células no sangue, em geral, sugere uma maior produção desses glóbulos pela medula óssea, indicando um processo inflamatório ou infeccioso.

Como é realizado o hemograma?

Para fazer o hemograma não há recomendações; não há um preparo especial, ou seja, sequer precisa de jejum (é até melhor não estar em jejum, pois esse estado por vezes causa leucopenia transitória em algumas pessoas). No geral, ele é realizado pelo equipamento de contagem eletrônica, que analisa automaticamente as células sanguíneas.

Já a complementação é feita por exame ao microscópio, quando um profissional capacitado analisa as características das células em busca de anormalidades. É nessa fase que podem ser detectados parasitas, como os que causam a malária, a doença de Chagas e a filaríase; podem também ser detectadas alterações típicas da anemia falciforme, de alguns tipos de talassemia, e outras.

Como visto, o hemograma é essencial para detectar vários tipos de anormalidades em nosso organismo. Por isso, escolher um laboratório de qualidade e bem conceituado permite diagnósticos corretos.

Lembre-se, também, que não basta um bom médico, mas é necessário, ainda, um bom laboratório. Isso porque os exames complementares são importantes ferramentas para auxiliar os profissionais a prestar uma boa assistência em saúde.

Concluímos, enfim, que o hemograma é uma das abordagens mais básicas, mas também uma das mais valiosas para assistência ao paciente. Nessa perspectiva, é preciso contar com um laboratório de confiança, como o PAT Análises Clínicas, que se localiza na Grande Vitória. Dos exames mais básicos aos mais complexos, existem as melhores soluções para cuidar da sua saúde!

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Clínica Centromed - Vila Velha
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